Ao longo do tempo, o comércio foi evoluindo, passando por diversas fases que refletem as mudanças na sociedade e no comportamento humano. Desde o escambo, quando as pessoas trocavam o que produziam por aquilo que necessitavam, até o surgimento da moeda e a criação de mercados e feiras, cada etapa trouxe novos desafios e oportunidades.
Com o passar dos séculos, surgiram tendências que marcaram diferentes épocas no comércio. Shopping centers, centros comerciais e grandes lojas de departamentos revolucionaram a experiência de compra, concentrando diversos produtos e serviços em um único local e oferecendo conveniência e conforto aos consumidores. Essas inovações moldaram o varejo físico e fortaleceram o conceito de “comércio tradicional” ou “comércio raiz”.
Nos dias de hoje, vivemos a era do comércio eletrônico, onde empresas podem operar sem nunca terem aberto uma loja física. Algumas já nascem como “e-commerce”, adaptadas exclusivamente ao ambiente digital. No entanto, acredito que o melhor e-commerce é aquele que surge a partir da experiência de uma loja física. O “comércio raiz” carrega uma bagagem valiosa de conhecimento sobre produtos, estoque, preferências do público e relações sólidas com fornecedores.
Quando um comerciante tradicional migra para o digital, ele passa a atingir um público que, de outra forma, nunca “passaria em frente” à sua loja física. No comércio eletrônico, a localização deixa de ser um fator limitante, e ele pode alcançar consumidores de diferentes cidades, estados e até países. Além disso, esse comerciante carrega a excelência de quem já domina a estrutura de vendas no físico, agregando esse conhecimento ao digital.
Por outro lado, o e-commerce traz novos desafios. Os consumidores estão cada vez mais exigentes, acostumados à conveniência de entregas rápidas, no mesmo dia ou até em poucas horas. A pergunta que guia muitos deles é: por que comprar da loja A se a loja B me entrega em duas horas? Esse comportamento reflete uma mudança nas expectativas, impulsionada por grandes players que investem em logística avançada.
Nesse cenário, a proximidade do estoque com o cliente se torna essencial. E aqui está um ponto importante na evolução do comércio eletrônico: a única forma de entregar mais rápido é ter o estoque mais perto do cliente. Isso pode ser alcançado por meio da descentralização dos estoques, distribuindo-os em locais estratégicos próximos aos consumidores. Quanto menor a distância, menor o tempo de entrega e maiores as chances de conquistar e fidelizar clientes.
Naturalmente, descentralizar estoques para atender todos os clientes seria economicamente inviável. Porém, estar próximo ao maior centro de consumo do país — São Paulo — é fundamental. Por que um comerciante que já evoluiu para o e-commerce ainda não posicionou seu estoque em São Paulo? Ele já divulga sua loja virtual de forma eficiente, domina o digital, mas ainda não tomou essa decisão estratégica que pode revolucionar seus resultados.
Utilizar um centro de distribuição compartilhado é, no meu entendimento, a última etapa da evolução do comércio eletrônico. Ele elimina a necessidade de investir em infraestrutura própria, reduz custos logísticos e permite oferecer aos clientes a agilidade que eles exigem. É uma solução inteligente, especialmente para pequenos e médios negócios, que podem se beneficiar do compartilhamento de recursos enquanto ampliam seu alcance e competitividade.
Talvez, no futuro, a próxima revolução seja a entrega instantânea por drones. Embora essa tecnologia já exista, ela ainda não é amplamente acessível. Enquanto isso, a solução mais viável para o presente é clara: quem quer crescer no e-commerce precisa estar mais próximo do cliente, e isso significa posicionar estrategicamente seu estoque.
A evolução do comércio nunca para. E aqueles que entendem isso e se antecipam às mudanças estarão sempre um passo à frente.
Allan Schoenardie Luz
Diretor Executivo – Alphacentro